Cessão de ajuda humanitária a Gaza aumenta após novo cessar-fogo

Quando Hamas confirmou que começaria a liberar reféns israelenses na manhã de 13 de outubro de 2025, Israel aceitou, sob pressão internacional, autorizar a entrada de suprimentos pela passagem de Rafah. Tom Fletcher, subsecretário‑geral da Organização das Nações Unidas para Assistência Humanitária, anunciou que o Fundo Central de Resposta a Emergências acrescentaria ajuda humanitária no valor de 11 milhões de dólares, somando‑se aos 9 milhões liberados na semana anterior. O Egito começou a encaminhar dezenas de caminhões carregados de alimentos, medicamentos e combustível através da fronteira de Rafah, cumprindo o acordo firmado na sexta‑feira, 10 de outubro.
Contexto histórico e o acordo de cessar‑fogo
O conflito que eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou uma ofensiva contra Israel, resultou em mais de 1 200 mortes e 251 reféns do lado israelense. A retaliação de Israel, que durou quase dois anos, elevou o número de mortos civis palestinos para cerca de 67 000, com 170 000 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, monitorado pelo Hamas. Quase toda a infraestrutura da Faixa foi destruída, e 90 % da população de 2 milhões de habitantes foi forçada a se deslocar.
Em 9 de outubro de 2025, mediante mediação de Egito, Catar, Estados Unidos (representados pelo presidente Donald Trump) e Turquia, foi anunciado um cessar‑fogo de primeira fase, previsto para abrir caminho à entrega massiva de ajuda e à troca de prisioneiros.
Intensificação da ajuda humanitária
De acordo com o Crescente Vermelho Egípcio, cerca de 400 caminhões já partiram do sul do Egito rumo a Gaza. O Programa Alimentar Mundial informou que possui 170 mil toneladas de alimentos prontos para serem desembarcados, quantidade que poderia sustentar mais de dois milhões de pessoas por até três meses. O OCHA (Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários) recebeu aprovação israelense para a entrada de 190 mil toneladas de suprimentos – 20 mil toneladas a mais que o acordo inicial permitia.
Além de alimentos, os caminhões trazem coberturas, tendas, cobertores, carne congelada, frutas frescas, farinha e medicamentos. Pela primeira vez desde março de 2025, o gás de cozinha foi autorizado a atravessar a fronteira, aliviando um dos maiores gargalos do inverno que se aproxima.
- 400 caminhões enviados pelo Egito no primeiro dia.
- Objetivo de 600 caminhões diários a partir de 12/10/2025.
- 190 mil toneladas de suprimentos aprovados por Israel.
- 11 milhões de dólares adicionais do Fundo Central de Resposta a Emergências.

Reações e declarações de autoridades
Em visita a Sharm el‑Sheikh, Tom Fletcher enfatizou que a ampliação imediata das operações era "crítica para evitar uma catástrofe humanitária antes do inverno". O porta‑voz do Ministério da Saúde de Gaza, que não foi identificado, descreveu a situação como "um cenário de fome e desnutrição generalizada", com mais de 400 mortes atribuídas à escassez de alimentos.
Já o porta‑voz do Ministério da Defesa de Israel declarou que as inspeções dos caminhões seriam "rigorosas, mas necessárias para garantir que nenhum material militar seja introduzido". Enquanto isso, o representante do Crescente Vermelho Egípcio pediu que a comunidade internacional continue pressionando por "espaço humanitário irrestrito".
Impactos na população e na infraestrutura
Com 90 % da população deslocada, as áreas que antes abrigavam famílias inteiras agora têm apenas ruínas. As filas nos pontos de passagem de Kerem Shalom e al‑Awja – ambos controlados por Israel – se estendem por blocos, enquanto as equipes de ajuda lutam contra estradas danificadas e restrições de movimento. O OCHA estima que até agora apenas 20 % da ajuda necessária foi entregue, reflexo das barreiras impostas ao longo de quase dois anos de conflito.
Especialistas em direito internacional alertam que a contínua obstrução de suprimentos pode configurar violação do direito internacional humanitário. Por outro lado, analistas de segurança apontam que a liberação de gás de cozinha pode reduzir o risco de incêndios provocados por velas e fogões improvisados, frequentes nas áreas de refúgio.

Próximos passos e desafios
O próximo grande marco será a troca de reféns e prisioneiros, prevista para acontecer nas próximas semanas. Observadores independentes acompanham de perto se Israel cumprirá a liberação de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos e se o Hamas entregará os corpos dos soldados israelenses mortos. O sucesso ou fracasso dessa fase determinará se o cessar‑fogo evoluirá para um acordo de paz duradouro ou se novas faíscas de violência surgirão.
Enquanto isso, a comunidade internacional se prepara para financiar a reconstrução pós‑guerra: estimativas preliminares apontam para um custo de reconstrução entre 10 e 15 bilhões de dólares, com a maioria dos recursos ainda por ser mobilizada.
Perguntas Frequentes
Como a entrada de 600 caminhões por dia afetará a situação de fome em Gaza?
A chegada de 600 caminhões diários, com alimentos, gás de cozinha e medicamentos, pode reduzir drasticamente a taxa de mortalidade por desnutrição, que já ultrapassou 400 mortes. Ainda assim, a necessidade total estimada é de cerca de 1,2 milhão de toneladas para alimentar a população por seis meses, então o esforço é crucial, mas não suficiente por si só.
Qual o papel do programa do Fundo Central de Resposta a Emergências?
O fundo, gerido pela Organização das Nações Unidas, fornece recursos emergenciais para manter operacionais os serviços vitais – como hospitais e fornecimento de água – enquanto os suprimentos físicos chegam ao terreno. Os US$ 11 milhões anunciados por Tom Fletcher complementam os US$ 9 milhões já distribuídos.
Quais são os principais obstáculos logísticos ainda enfrentados?
Além das inspeções israelenses, as estradas danificadas, os recorrentes bombardeios nas zonas de armazenamento e a falta de energia para operar guindastes e caminhões são desafios constantes. Saques de suprimentos por grupos armados também têm sido relatados, dificultando a distribuição equitativa.
O cessar‑fogo está consolidado ou ainda é frágil?
Até agora, as partes respeitaram o acordo de liberação de reféns e a abertura dos pontos de passagem, mas a situação permanece delicada. Qualquer violação de protocolos de inspeção ou retaliação a ataques isolados pode desencadear novas hostilidades.
Quando se espera uma conclusão sobre a troca de prisioneiros?
Especialistas apontam para as próximas duas a três semanas como janela crítica, já que as negociações já avançaram a nível de logística. A comunidade internacional está pressionando para que a troca ocorra antes do primeiro congelamento intenso do inverno.
Sr Chemical Plant MV
Sou jornalista especializado em notícias e adoro escrever sobre temas relacionados ao cotidiano no Brasil. Trabalho em um jornal local, onde cubro os eventos mais importantes do dia a dia.
1 Comentários
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Raphael Mauricio
outubro 13, 2025 AT 23:05Os números recentes mostram que o aumento de caminhões é necessário, mas ainda insuficiente para suprir duas milhões de pessoas. Cada tonelada entregue representa um alívio imediato, sobretudo para quem depende de gás de cozinha no inverno. A logística ainda enfrenta inspeções rigorosas que podem atrasar a chegada ao destino final. Se a comunidade internacional mantiver o apoio, podemos evitar uma catástrofe humanitária maior.