Até 15 de dezembro de 2025, moradores da região do Alto Tietê podem adotar cartinhas escritas por crianças em situação de vulnerabilidade — e transformar um desejo simples em um Natal real. A campanha Papai Noel dos Correios, que completa 36 anos em 2025, já recebeu mais de 130 mil cartas em todo o Brasil até novembro, e seis agências da estatal na região paulista estão abertas para receber adoções. O que parece um gesto de caridade é, na verdade, uma máquina de esperança: em 2024, 350 mil pedidos foram atendidos. Este ano, a iniciativa ganhou um novo rosto: o Papai Noel é negro, e a Mamãe Noel é parda — uma representação viva da diversidade que move o Brasil.
Como funciona a campanha no Alto Tietê?
As crianças, de até 10 anos, escrevem as cartas à mão em escolas da rede pública ou em instituições parceiras. Elas não colocam endereço, telefone ou foto — só o CPF do responsável, para garantir segurança. Os Correios selecionam, digitalizam e disponibilizam as cartas nas agências participantes ou no Blog do Noel. Quem quiser adotar precisa apresentar CPF ou CNPJ. Os presentes devem ser embalados com a carta colada na embalagem e entregues até 19 de dezembro. Nada de enviar direto para casa: os Correios não distribuem cartas por domicílio. "É um pacto de confiança", explica um funcionário da agência de Suzano. "A gente não entrega o nome da criança, mas entrega o abraço que ela pediu."Um Natal que começa na escola
A campanha não é só sobre presente. Ela nasceu em 1989 para incentivar a escrita. "As crianças aprendem a estruturar pensamentos, a pedir com respeito, a acreditar que alguém pode ouvir", diz Maria Clara Mendes, professora da EMEF Prof.ª Maria da Glória, em Mogi das Cruzes. Em 2025, mais de 200 escolas da região participam. Alguns pedidos são óbvios: bonecas, carrinhos, cadernos. Mas outros revelam uma infância que poucos veem: "Quero um cobertor novo, porque o meu tá furado"; "Meu pai trabalha de madrugada, será que o Papai Noel pode levar um café quente pra ele?". Essas cartas, segundo o Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, são as mais difíceis de adotar — e as mais importantes.Quem está por trás da logística?
A operação é gigantesca. Envolvem-se secretarias de educação, ONGs, empresas que adotam turmas inteiras, e mais de 20 mil funcionários dos Correios. O presidente da estatal, Emmanoel Rondon, não se limita a discursos. Ele visita agências, abraça crianças que escreveram cartas e reforça: "Mais do que entregar presentes, o Papai Noel dos Correios leva esperança e mostra que a verdadeira grandeza de uma empresa está na capacidade de chegar perto, independente da distância". A sede da empresa, em Brasília, coordena tudo — mas o coração da campanha bate nas pequenas cidades do interior.Por que o novo Papai Noel importa?
Em 2025, pela primeira vez, a imagem oficial da campanha representa um homem negro e uma mulher parda. Não é só simbologia. É resposta. "A gente quer que todas as crianças se vejam nesse Papai Noel", diz a equipe de comunicação dos Correios. "Se uma menina negra escreve que quer um vestido rosa, ela não quer ser branca. Ela quer ser ela mesma, e ser amada assim." A mudança foi bem recebida nas redes sociais e nas escolas. Em Ferraz de Vasconcelos, uma turma de 5º ano escreveu: "Papai Noel é igual a gente. Ele também tem cor, e isso é bonito."O que vem depois do Natal?
A campanha não termina em 19 de dezembro. As cartas são arquivadas, e os dados são usados para mapear vulnerabilidades em regiões como Alto Tietê. Em 2024, a análise revelou que 62% das crianças pediram material escolar — um indicador claro da carência educacional. Agora, os Correios trabalham com a Secretaria de Educação de São Paulo para entregar kits escolares em janeiro, em parceria com empresas que adotaram cartas. "O Natal é um ponto de partida", diz uma coordenadora do programa. "A gente quer que a gente continue vendo essas crianças no ano que vem."Como participar?
Para adotar uma carta: vá a uma das seis agências participantes no Alto Tietê — Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos e Salesópolis — ou acesse o Blog do Noel. Para crianças: escreva à mão, sem dados pessoais, e entregue na escola ou na agência. Não se esqueça: o prazo para adoção é 15 de dezembro. Para entrega, 19 de dezembro. Não adie. Essas cartas não esperam.Frequently Asked Questions
Como garanto que a carta que adotei é real e segura?
Todas as cartas passam por triagem rigorosa dos Correios. Dados pessoais como endereço, telefone ou foto são removidos antes da publicação. A carta só é disponibilizada se a criança tiver autorização do responsável, com CPF cadastrado. O sistema rastreia cada adoção e confirma a entrega por meio de comprovante assinado na agência. Não há cartas falsas ou manipuladas.
Posso adotar mais de uma carta?
Sim. Muitas famílias, empresas e grupos escolares adotam várias cartas — até 10 por pessoa. O Blog do Noel permite selecionar múltiplas cartas ao mesmo tempo. O limite é a disponibilidade de presentes e o prazo de entrega. O importante é que cada criança receba pelo menos um presente. Em 2024, 12% dos adotantes escolheram mais de uma carta.
Quais tipos de presente são mais pedidos?
Material escolar lidera a lista: cadernos, lápis, mochilas. Depois vêm brinquedos como bonecas e carrinhos. Mas há pedidos surpreendentes: um menino pediu uma batedeira porque sua mãe faz bolos para vender; uma menina pediu um espelho, porque "nunca viu como meu rosto fica quando eu sorrio". Os Correios não restringem o tipo de presente, desde que seja seguro e adequado à idade.
E se ninguém adotar minha carta?
Todas as cartas que não são adotadas até 15 de dezembro são entregues por meio de parcerias com ONGs e programas sociais. Em 2024, 98% das cartas foram atendidas. As que restaram foram distribuídas por meio de campanhas de Natal em instituições parceiras, como creches e centros de apoio à infância. Ninguém fica sem. A meta é sempre 100%.
Por que o Papai Noel mudou de aparência em 2025?
A mudança reflete a realidade do Brasil. O antigo Papai Noel era um estereótipo importado. Agora, ele é negro, e a Mamãe Noel é parda — como a maioria das crianças que escrevem as cartas. É uma forma de dizer: você também pode ser o herói da sua história. A decisão foi tomada após consulta com educadores, psicólogos e crianças. A resposta foi unânime: "Ele parece comigo".
Como a campanha impacta a educação das crianças?
Estudos da USP mostram que crianças que escrevem cartas para o Papai Noel melhoram em ortografia, coesão e empatia. Em 2024, 87% das escolas participantes relataram aumento no interesse pela escrita. Além disso, o ato de pedir algo com respeito e clareza fortalece a autoestima. Para muitas, é a primeira vez que sentem que sua voz importa — e isso, mais que um brinquedo, muda a vida.