Bia Haddad Maia quebra jejum e estreia com vitória no US Open 2025

Quebrar uma sequência de oito derrotas logo na estreia de um Grand Slam, em Nova York, com a arquibancada pulsando? Foi isso que Bia Haddad Maia entregou. A brasileira venceu a britânica Sonay Kartal por 2 sets a 1 no US Open 2025, em 26 de agosto, e transformou um momento de pressão em combustível para retomar a temporada. A vitória valeu mais do que a vaga na segunda rodada: foi um freio no espiral negativo que vinha desde o primeiro semestre.
O contexto pesa. Bia chegou a Flushing Meadows sob cobranças após uma série incomum de resultados ruins no circuito. Para piorar, Kartal havia derrotado a própria Bia em Indian Wells, alguns meses atrás. Desta vez, a história saiu do script. Em uma partida dura e com alternância de momentos, a paulista segurou os nervos no terceiro set e virou a chave no torneio que fecha o calendário de Grand Slams.
Por que essa vitória pesa agora
O triunfo em Nova York encerra um jejum que durou oito partidas de simples. Foi a primeira vitória desde a estreia em Madri, quando Bia superou Bernarda Pera. Num circuito apertado como o da WTA, uma sequência assim mexe com ranking, confiança e calendário. Reagir num Major muda o humor do time, recoloca rotinas de treino no eixo e dá minutos de quadra para ajustar padrão tático.
Veja a sequência que compôs esse período difícil na temporada:
- Qatar Ladies Open: derrota para Magdalena Fręch;
- Dubai Championships: derrota para Anastasia Potapova;
- Mérida Open: derrota para Rebecca Šramková;
- Indian Wells: derrota para Sonay Kartal;
- Miami Open: derrota para Linda Fruhvirtová;
- Billie Jean King Cup: derrotas para Linda Nosková e Jéssica Bouzas Maneiro;
- Stuttgart Open: derrota para Emma Navarro.
Essa série não apagou os sinais de 2025 que apontavam potencial. Bia alcançou a terceira rodada no Australian Open, igualando a melhor campanha de uma brasileira na Era Aberta no Slam de Melbourne. Carregava também o peso de defender uma grande memória recente em Nova York: quartas de final do US Open 2024. O resultado desta terça mantém o horizonte aberto para outro bom desempenho.
Tem mais camadas. No fim do ano passado e no começo deste, Bia empilhou marcos importantes fora dos Slams: foi vice em Cleveland e ergueu o troféu em Seul, o quarto título da carreira. Esses resultados mostram que o jogo está ali, mesmo quando a sequência de derrotas turva a visão. Vencer na estreia, com pressão, é a senha para recuperar padrão: mais primeiro saque, decisões mais simples sob estresse e paciência nas trocas longas, sem forçar na hora errada.
O US Open 2025 vai de 18 de agosto a 7 de setembro, no USTA Billie Jean King National Tennis Center. As primeiras rodadas são traiçoeiras: calor, umidade e sessões noturnas barulhentas afetam o corpo e a cabeça. Vencer logo traz um bônus: agenda mais organizada, tempo de treino na quadra do torneio e a confiança que só aparece quando se vence uma partida apertada em um palco grande.
Sequência de resultados e o que vem pela frente
Para além do placar, há o efeito prático no ranking e na temporada. Ao triunfar na primeira rodada, Bia protege parte dos pontos num Slam em que teve campanha forte no ano anterior. Isso ajuda a estabilizar a posição no ranking e reduz a pressão imediata. Na corrida anual, a vitória reabre a porta para encostar em chaves mais acessíveis nas próximas semanas do circuito asiático.
A adversária da segunda rodada ainda será definida, mas a lógica é clara: encadear vitórias agora vale ouro. Uma sequência de duas ou três partidas vencidas muda a leitura de qualquer temporada. Traz giro de pernas, reequilibra a média de games de serviço e devolve a confiança para jogar agressivo nos 30-30 e nos break points, onde se decide a maior parte dos torneios WTA.
Há também o recorte simbólico. Bia é hoje o principal rosto do tênis feminino brasileiro no circuito. Em noites como essa, ela carrega um público que se reconhece na luta contra a maré. O US Open tem histórico de partidas longas, viradas dramáticas e quadras secundárias que viram caldeirão. Domar esse ambiente logo na estreia diz muito sobre a disposição que ela traz para o restante da chave.
Sonay Kartal, por sua vez, vive um momento de ascensão no circuito britânico e já tinha mostrado armas suficientes para surpreender a brasileira em Indian Wells. A diferença agora foi a leitura mais rápida de momentos-chave. Em vez de alongar a noite em trocas improdutivas, Bia encontrou maneiras de ditar o ponto quando precisava e esfriar a partida quando foi necessário. Foi um jogo de gerenciamento emocional tanto quanto de execução técnica.
Em termos de planejamento, o recado para a equipe é direto: manter o que funcionou e ajustar o que ainda patina. Isso inclui lapidar o primeiro saque para abrir a quadra, usar o slice para quebrar ritmo quando a bola fica pesada e, principalmente, voltar a ganhar pontos curtos para evitar que o físico pese na segunda semana. Nova York recompensa quem toma a iniciativa.
Nos bastidores, a vitória espanta conversas sobre crise e devolve o foco ao essencial: jogo a jogo. A chave é longa, o piso é rápido e a janela para aproveitar a confiança é curta. A brasileira tem histórico recente de crescer em torneios grandes; agora precisa transformar essa estreia em trilho para o resto da campanha.
O US Open é o último grande palco do ano e costuma redefinir narrativas. Depois da maré baixa, Bia conquistou tempo e espaço para reconstruir sua história na temporada. O primeiro passo foi dado contra uma rival que a havia freado meses atrás. O próximo dirá até onde essa virada de chave pode levar em Nova York.
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Sou jornalista especializado em notícias e adoro escrever sobre temas relacionados ao cotidiano no Brasil. Trabalho em um jornal local, onde cubro os eventos mais importantes do dia a dia.