Quando Augusto Melo, presidente do Sport Club Corinthians Paulista subiu ao microfone na TV do clube, na terça‑feira, 5 de novembro de 2024, ele não hesitou: o Flamengo estaria praticando ‘jogo sujo’ nas negociações pela compra definitiva do goleiro Hugo Souza. A acusação ecoou nos corredores do futebol brasileiro, reacendendo uma rivalidade que já tinha sido posta à prova na semifinal da Copa do Brasil daquele ano.
Contexto da disputa pelo goleiro
Hugo Souza, de 25 anos, chegou ao Timão em janeiro de 2024 como empréstimo. O acordo previa uma cláusula de compra e pagamentos de R$ 500 mil sempre que o atleta fosse escalado contra o clube que o havia cedido. Até agora, o Corinthians utilizou o arqueiro em três partidas contra o Flamengo – duas na Série A e uma na Copa do Brasil – desembolsando R$ 1,5 milhão.
A negociação chegou a um ponto crítico após o clássico contra o Palmeiras, vencido por 2 a 0 em 4 de novembro, quando Rodrigo Garro e Yuri Alberto balançaram as redes. O resultado tirou o Timão da zona de rebaixamento e, ao mesmo tempo, aumentou a pressão para regularizar a situação de Hugo.
Cláusula financeira e o ‘jogo sujo’ do Flamengo
O vice‑presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, respondeu à provocação de Melo com humor ácido: queria "um amistoso para receber mais R$ 500 mil". A piada não passou despercebida. Para o Corinthians, as declarações de Braz eram parte de uma estratégia de pressão, algo que Melo descreveu como “conturbar o ambiente”.
Além da cláusula de escalada, há ainda um impasse sobre a garantia financeira da compra. O Flamengo recusou a empresa inicialmente indicada pelo Timão para garantir o pagamento parcelado. Sem essa garantia, o acordo permanece em aberto, embora Melo afirme que a assinatura final está a “horas ou dias” de ser concluída.
Transfer ban da FIFA: outro obstáculo
Como se não bastasse a questão financeira, o Corinthians convive com um transfer ban imposto pela FIFA desde o início da temporada. A penalidade vem de uma dívida pendente relativa ao defensor paraguaio Fabrício Balbuena, herança da gestão anterior de Duilio Monteiro Alves. O alvo principal do ban é impedir o registro de novos atletas até a quitação total da dívida.
Apesar da restrição, Melo garante que isso não afeta a compra de Hugo Souza, já que o contrato já está aprovado pela diretoria e a cláusula de pagamento já foi iniciada. O presidente ainda tranquilizou a torcida: "O torcedor não tem que se preocupar com isso".
Reações e declarações dos envolvidos
Em entrevista ao vivo, Melo enfatizou que a situação está “sob controle”: "Está tudo resolvido, Hugo, transfer ban, está tudo certo. É questão de horas, no máximo de dias aí." Ele ainda criticou a história de contratações do Corinthians, lembrando que o clube herdou uma situação financeira delicada.
Do lado do Rio, o presidente do Flamengo, Rodrigo Caetano, ainda não se pronunciou oficialmente, porém um porta‑voz afirmou que o clube está “disposto a negociar, mas não aceita garantias que coloquem em risco sua saúde financeira”.
Torcedores das duas agremiações se dividiram nas redes sociais. Enquanto a maioria corintiana pediu firmeza nas negociações, torcedores flamenguistas defenderam a postura de cobrar o pagamento das cláusulas vigentes.
Impacto no futuro do Corinthians
A conclusão da compra de Hugo Souza tem implicações estratégicas. O goleiro é visto como peça-chave para a campanha 2025, sobretudo porque o Timão busca consolidar a vaga na Libertadores. Além disso, manter Yuri Alberto será fundamental, já que rumores de interesse europeu circulam.
Se a negociação falhar, o Corinthians corre o risco de perder não apenas Hugo, mas também de enfrentar maiores dificuldades financeiras ao pagar multas por quebra de contrato. Por outro lado, um acordo sólido pode servir de exemplo de como clubes de tradição média podem lidar com gigantes como o Flamengo em termos de garantias e cláusulas de pagamento.
Próximos passos
Os próximos dias serão decisivos. A diretoria corintiana deve apresentar nova garantia bancária, enquanto o Flamengo analisará a proposta. Além disso, a FIFA tem prazos a cumprir para a liberação do ban, caso a dívida com Balbuena seja quitada.
Para a torcida, a esperança reside em ver Hugo Souza defendendo o Timão nas cores do clube em 2025, sem mais surpresas financeiras. Como diz o próprio Melo, “a nossa gestão às vezes muitos criticam, mas a gente sabe o clube em que condições a gente pegou”.
Frequently Asked Questions
Como a cláusula de escalada de R$ 500 mil afeta o Corinthians?
Cada vez que Hugo Souza é escalado contra o Flamengo, o Corinthians paga R$ 500 mil ao clube carioca. Em 2024, isso resultou em R$ 1,5 milhão, um valor que pressionou ainda mais as finanças do Timão e acelerou a necessidade de fechar a compra definitiva.
O que é o transfer ban da FIFA e por que foi aplicado ao Corinthians?
O ban impede o registro de novos reforços enquanto o clube não quitar dívidas vinculadas a contratos antigos. No caso do Corinthians, a dívida refere‑se ao ex‑defensor Fabrício Balbuena, herdada da gestão anterior. Enquanto não houver pagamento, a FIFA mantém a restrição.
Qual foi a reação do Flamengo às acusações de ‘jogo sujo’?
O clube ainda não fez declarações oficiais sobre o termo usado por Augusto Melo. Contudo, um porta‑voz afirmou que o Flamengo está “disposto a negociar, mas não aceita garantias que comprometam sua saúde financeira”, indicando que a postura permanece firme.
O que está em jogo para o Corinthians se não conseguir comprar Hugo Souza?
Perder Hugo significaria abrir mão de um dos melhores goleiros da liga, impactando a competitividade em 2025. Além disso, o clube teria que arcar com multas contratuais e ainda enfrentaria dificuldades para reforçar a equipe em meio ao ban da FIFA.
Qual a perspectiva para o transfer ban ser levantado?
A FIFA estipulou que o ban será removido assim que a dívida com Balbuena for quitada integralmente. Augusto Melo afirma que a questão está "sob controle" e que os pagamentos estão em negociação, o que poderia levar à liberação nos próximos dias ou semanas.