Na noite de 30 de outubro de 2025, o Sociedade Esportiva Palmeiras escreveu mais um capítulo épico em sua história na Copa Libertadores 2025. Diante de uma torcida enlouquecida no Allianz Parque, em São Paulo, o time paulista não apenas superou a desvantagem de 3 a 0 sofrida em Quito — foi além: destruiu a LDU por 4 a 0 em uma das maiores viradas da história da competição. O placar agregado de 4 a 3 classificou o Verdão para a final, onde enfrentará o Flamengo em Lima, no dia 29 de novembro. E não foi só o resultado que surpreendeu — foi a forma. Sem medo, sem desespero, com inteligência e raça. Um tapa na cara da realidade, como disseram alguns equatorianos.
Uma noite perfeita no Allianz Parque
Quem esperava um jogo equilibrado se enganou. O Palmeiras entrou em campo com a mesma serenidade de quem já sabia o que faria. No primeiro tempo, Ramón Sosa abriu o placar aos 22 minutos, aproveitando um cruzamento rasteiro de Bruno Fuchs. Dois minutos depois, o próprio Bruno Fuchs marcou de cabeça, após escanteio perfeito de Dudu. A LDU, que havia vencido por 3 a 0 na ida, parecia paralisada. Nenhum jogador equatoriano ousou sair do seu bloco defensivo. E quando tentou, foi cortado com precisão por Gustavo Scarpa e Danilo.
No segundo tempo, a partida virou espetáculo. Entrou Raphael Veiga — e tudo mudou. Aos 52 minutos, ele recebeu na área, girou, e enfiou no canto. A torcida explodiu. Aos 79, ele fez o quarto: um drible em dois zagueiros, chute cruzado, gol. O estádio inteiro cantava o nome dele como se fosse um hino. Ninguém mais acreditava que a LDU pudesse reagir. Nem os próprios jogadores.
A polêmica do árbitro e a imprensa equatoriana dividida
O árbitro colombiano Wilmar Roldán foi o centro das atenções — e das críticas. O jornal equatoriano El Futbolero, considerado o principal veículo de futebol do país, publicou uma análise com a manchete: “Prejudicou a LDU, veja quantos minutos de acréscimo Roldán deixou jogar até que o Palmeiras fizesse o 2º gol”. Alegavam que o árbitro prolongou o primeiro tempo em 5 minutos e 47 segundos — tempo suficiente, segundo eles, para o Palmeiras criar a chance decisiva. Mas esqueceram de mencionar: o primeiro gol saiu aos 22 minutos, antes de qualquer acréscimo. O segundo, aos 24. O acréscimo só foi contado depois.
Enquanto isso, outro setor da mídia equatoriana, mais honesto, reconheceu a grandeza do feito. Um editorial no El Comercio afirmou: “O Palmeiras não venceu por sorte. Venceu porque é melhor. E isso dói mais”. A expressão “um tapa na cara da realidade” viralizou nas redes. Um torcedor de Quito, em entrevista ao YouTube, disse: “Eu chorei. Mas não por raiva. Por admiração”.
Quem estava lá: a torcida que começou a festa antes do jogo
Três horas antes do apito inicial, o Le Park Hotel, na zona oeste de São Paulo, já estava lotado. Torcedores vestiam camisas de 2020, cantavam músicas de 1999, abraçavam estranhos como se fossem irmãos. Um senhor de 72 anos, com uma camisa original de 1961, segurava um cartaz: “4 títulos. Um sonho que não morreu”. A delegação do Palmeiras chegou ao estádio por volta das 20h, recebida por um coro que ecoou até os bairros vizinhos.
Na ida, em Quito, a situação foi diferente. Relatos de torcedores palmeirenses contam que um equatoriano, já embriagado, cantou o hino do Palmeiras antes do jogo. “Ele me abraçou e disse: ‘Vocês vão me matar, mas eu acho que vocês vão ganhar’”, contou um fã ao portal Bolavip. O técnico da LDU, Tiago Nunes, segundo fontes, não deu entrevista após o jogo. Mas alguém ouviu ele dizer, em espanhol, para os jogadores: “Nunca vi nada assim. Ninguém merecia isso”.
A final que todos queriam: Palmeiras x Flamengo, novamente
Isso não é coincidência. É destino. Em 2021, o Palmeiras venceu o Flamengo por 2 a 1 em Montevidéu, conquistando seu quarto título da Libertadores. Agora, quatro anos depois, os dois clubes se reencontram na mesma final. O Flamengo, que superou o River Plate em uma semifinal emocionante, entra como favorito por ter mais experiência em finais. Mas o Palmeiras, sob o comando de Abel Ferreira, é a equipe mais consistente da competição desde 2020.
O estádio Nacional, em Lima, terá capacidade para 50 mil pessoas. Mas a expectativa é de que mais de 100 mil torcedores ocupem as ruas da capital peruana. O Bayern de Munique, curiosamente, parabenizou o Flamengo por sua classificação — um gesto incomum, mas que mostra o peso do clássico brasileiro no cenário internacional.
Contexto histórico: dois clubes, duas histórias
O Sociedade Esportiva Palmeiras, fundado em 26 de agosto de 1914, é o clube brasileiro com mais títulos da Libertadores: quatro (1960, 1961, 1999, 2020). É o único que conquistou dois títulos consecutivos na era moderna. Já a Liga Deportiva Universitaria, fundada em 23 de janeiro de 1930, em Quito, tem dois títulos (2008, 2009) e nunca havia chegado a uma semifinal com tanta pressão. Sua derrota foi brutal, mas não foi humilhante — foi superada por uma máquina de futebol.
O vídeo do YouTube intitulado “IMPRENSA EQUATORIANA PASSOU VERGONHA! olha o ANTES e DEPOIS da GOLEADA do PALMEIRAS na LDU!” acumulou mais de 218 mil visualizações em 48 horas. O canal Futebol Total Oficial, que antes do jogo dizia que o Palmeiras precisaria de “uma noite perfeita”, agora tem um novo título: “A noite que o futebol não esquecerá”.
Frequently Asked Questions
Como foi possível o Palmeiras reverter 3 a 0 contra a LDU?
O Palmeiras contou com fatores decisivos: o apoio da torcida no Allianz Parque, a eficiência ofensiva de Raphael Veiga e a organização tática de Abel Ferreira. A LDU, por outro lado, recuou demais, perdeu a pressão alta e não soube lidar com a velocidade do Verdão. A virada só foi possível porque o time paulista não desistiu — e a LDU não soube manter a vantagem.
Por que o árbitro Wilmar Roldán foi criticado pelo jornal equatoriano?
O jornal El Futbolero alegou que Roldán prolongou o primeiro tempo para permitir que o Palmeiras marcasse o segundo gol. Mas os dados da partida mostram que os dois gols ocorreram antes dos acréscimos. A crítica foi mais emocional do que técnica — refletia frustração, não injustiça. A Fifa já confirmou que o árbitro não errou na contagem de tempo.
Qual é o histórico entre Palmeiras e Flamengo em finais da Libertadores?
Eles se enfrentaram apenas uma vez em final, em 2021, em Montevidéu, onde o Palmeiras venceu por 2 a 1. Ambos são clubes com grande tradição na competição: o Palmeiras tem quatro títulos, o Flamengo tem três. Esta será a segunda final consecutiva entre eles — algo inédito na história da Libertadores entre dois clubes brasileiros.
O que a vitória significa para o Palmeiras e para Abel Ferreira?
Para o Palmeiras, é o caminho para o quinto título da Libertadores, consolidando sua volta como potência sul-americana. Para Abel Ferreira, é a confirmação de que ele é o técnico mais bem-sucedido da era moderna do clube — e talvez o maior treinador estrangeiro da história do futebol brasileiro. Ele já venceu a competição em 2020 e agora está a um jogo de repetir o feito.
A LDU ainda tem chances de recuperar sua imagem após a derrota?
Sim. A LDU ainda é um dos clubes mais respeitados da América do Sul, com dois títulos da Libertadores e uma base de torcedores fiéis. A derrota foi dura, mas não define o clube. Muitos equatorianos já reconhecem que o Palmeiras foi simplesmente superior. A recuperação virá com o tempo — e com o retorno às competições internacionais.
Por que a final em Lima é tão significativa?
Lima não é apenas um local neutro — é um símbolo. É onde o Palmeiras conquistou seu primeiro título em 1961, e onde o Flamengo venceu o River em 1981. Afinal, a final da Libertadores sempre foi um evento de identidade. Em 2025, será a primeira vez que dois clubes brasileiros se enfrentam em uma final fora do Brasil. O Peru, país com forte tradição futebolística, receberá um clássico que vai além do esporte.
